Por Ele Mesmo no Dicionário de Sabedoria dos Piauienses
Nasceu em Barras-PI (27-10-1924), faleceu em
Teresina-PI (23-06-1992). Foi um Historiador, cronista, jornalista, orador,
professor, político e desportista. Bacharel em Direito.
ARTISTA
“Já
se disse que o homem ordinário pactua com as injustiças sociais, mas o artista
não pode com elas pactuar.”
COMUNICAÇÃO
“O
homem, desde épocas primitivas, comunica o que deseja, o que determina, o que
pensa, de maneiras inumeráveis: pelo que veste, pelo que come, pelo olhar, pelas cores, por figuras,
gráficos, imagens, pelo toque do sino ou do clarim, pelos usos e costumes que
adota, expressando, pois, um mundo de mensagens que revelam aos outros as
estruturas de sua personalidade.”
COMUNIDADE
“As
comunidades humanas de vez em quando padecem provocações, que resultam de
cousas diversas – crimes, intempéries da natureza, epidemias, atitudes
passionais dos grandes ajuntamentos humanos, imprevidência das pessoas ou dos
governos e outros.”
CULTURA
“A
própria vida vale o conjunto de todos os processos culturais.”
ECONOMIA
“Nunca.
Não confundamos finanças com economia. Nós podemos Ter dinheiro no bolso e
sermos integralmente despreparados para a vida. E ainda podemos Ter muita
economia conosco e não termos o que é necessário normal do homem, que é o
dinheiro. A economia é um processo de felicidade das comunidades, de bem estar
...”
ESCRITOR
“Diríamos
que o escritor vive num meio hostil, de intrigas, de invejas, de hipocrisias, e
tudo vai derrotando o artista que chega ao ponto da acomodação. Ninguém repudia
as ideias, mas se acomoda às normas de força das ditaduras reais ou aparentes.”
“...
quando novo, o escritor é antiacadêmico por natureza. À proporção em que ele
envelhece, busca as academias porque, ao cabo de contas, elas exercem, em
virtude do próprio bafejo oficial, proteção a quem já se sente deserdado da
sorte.”
ESCREVER
“Um
livro, uma poesia, um pensamento que se escreve vale um filho espiritual muito
terno. Então, qual o pai que gostaria de Ter um filho chamado de feio, de
aleijado? Procuramos, pois, incentivar a quem escrever alguma coisa. Não
fazemos elogios derramados, tanto que acontece uma coisa que muitos não
observam: quando não temos nada que dizer do livro, falamos do autor, da
pessoa, dos seus traços humanos, dos seus sentimentos; no final, alguma
referência ao livro, acentuando o esforço do autor, a sua simplicidade, sem que
destruamos os seus desejos e pretensões. Achamos que o melhor caminho para
educar é o caminho do afeto, do querer bem.”
HISTÓRIA
“A
ninguém é dado negar a importância da História na vida dos povos.
Desenganadamente, fazê-lo é desconhecer que, sem ela, torna-se impossível a
continuidade da cultura. Com efeito, sem memória, as civilizações ficam sem
passado.”
LINGUAGEM
“A
linguagem humana é meio de entendimento da comunidade que se manifesta por
processo vários. Há a linguagem literária, asseada, estruturada, e ao lado dela
a linguagem natural, despoliciada, no contato com os amigos, nas diversões, a
linguagem chã, plena de expressões triviais, veículos de entendimento geral,
que todos compreendem, instrumento de conversação do doutor com a verdureira , do sábio com o
limpador de sapatos.”
“Há
outros processos de linguagem: a
linguagem dos gestos, dos dedos, dos olhos, a linguagem da gíria, por via da
qual o povo ironiza situações e caracteres, e ainda a linguagem dos grupos
profissionais, com a força psicológica do vocabulário na variedade desses
grupos: trabalhar para o médico corresponde a operar, mas de trabalhar o ladrão
tem entendimento diverso. E chegue-se ao calão, o processo de linguagem deseducada, comum no submundo da malandragem,
do meretrício.”
“A
linguagem dos homens se manifesta por processos vários. Há a literária, polida,
asseada, rica, regida por preceitos gramaticais; existe a usual, despoliciada,
de todas as horas, a linguagem chã, planiciana, de estragos fonéticos,
governada pelo menor esforço, aquela que é o veículo de entendimento geral.
Adiante, a linguagem dos gestos – dos dedos, da cabeça, do piscar de olhos. E
ainda a gíria, por via da qual o povo ironiza pessoas e episódios, e estabelece
relações entre os objetos, a gente e os fatos. E mais: o processo da linguagem
emotiva e do calão. E também uma maneira especial de comunicação, de causas
profundas – um modo de ser representado pelo linguajar das pequenas paisagens
populacionais, de reduzidas comunidades de povo, de lugarejos e vilas ...”
LITERATURA
“São
muitas as correntes literárias que dominaram a vida espiritual dos povos.
Classicismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, concretismo,
modernismo e quantos mais. Cada qual tem interpretação própria e autores
respectivos. A crítica sempre procurou defini-las, como agora fazemos, sem que
sejamos críticos mas apenas ledor de documentos da literatura, com o
polifonismo.”
LIVRO
“Dar
livros de presente aos amigos é uma prova de que os consideramos inteligentes e
cultos.”
“Os
livros merecem todo nosso respeito, admiração e carinho: são eles que nos dão
os conhecimentos de todas as ciências e artes. Em suas páginas é que registram
todas as causas importantes da terra. Eles nos instruem e nos divertem. Servem
de passatempo, de calmante, de remédio. Em uma palavra, os livros aumentam a
nossa responsabilidade.”
MUDANÇA
“É
necessário que haja reação e reação heróica. Faliram-se as elites políticas
confundidas com os donos da economia dos povos; a salvação está na inteligência
aprimorada que não se venaliza e na coragem de luta dos que têm fé.”
NOVELA
“Ninguém
ignora que a novelística corresponde ao gênero literário da novela – um gênero
difícil da criação artística, porque reclama ordenamento, sobretudo. A novela
vale-se de fatos humanos reais, ou, quando fictícios, via de regra,
verossímeis. A narrativa de ser curta, mais completa, integra ...”
PALAVRA
“Dispõe
o homem da palavra – e as palavras substituem as cousas e realizam um vasto e
eficaz processo de linguagem. Qualquer que seja a linguagem humana, porém, dos
gestos, dos cânticos, das convenções, da fala, das artes, o seu estudo deve ser antecedido pelo conhecimento do símbolo,
que se representa por signos e sinais.”
POESIA
“Se
não disseram, é necessário que se diga: a poesia corresponde ao sentimento do
mundo, - o sentimento das cousas, dos gestos, dos caracteres humanas, da
natureza, da vida espiritual, da família, do afeto, dos aspectos filosóficos
nas atitudes do homem, assim da forma que se elabora a poesia intimista e
social.”
“Não
cabe dúvida de que a poesia tem elevada função social e de que os poetas podem
defender pontos de vista morais e políticos ...”
VERDADE
“Nós
temos sestro tristíssimos: quando ocupamos um cargo, ficamos empanturrados de
grandeza, vaidosos, e acreditamos que apenas nós temos a verdade. Quando
achamos que um professor não está seguindo o bom caminho e damos palpite a fim
de que ele erre menos, o mestre se aborrece, passa a antipatizar conosco, ás
vezes a odiar-nos, por isso nos eximimos de crítica.”