
Nasceu em Teresina - PI (10-11-1956). Faleceu no Rio de Janeiro-RJ (10-11-1972). Poeta, jornalista, novelista, letrista e cineasta. Integrou o
Grupo Baiano do Movimento Tropicalista da MPB, tornando-se mais conhecido como
letrista e compositor. Considerado um dos mentores intelectuais do movimento Tropicália.
PALAVRA
“...
há palavras que estão nos dicionários e outras que não estão e outras que eu posso inventar, inverter. Todas juntas
e à minha disposição, aparentemente limpas, estão imundas e transformaram-se,
tanto tempo, num amontoado de ciladas.”
“Uma
palavra é mais do que uma palavra, além de uma cilada. Elas estão no mundo e,
portanto explodem bombardeadas. Agora não se fala nada e tudo é transparente em
cada forma; qualquer palavra é um gesto e em sua orla os pássaros de sempre
cantam nos hospícios.”
“As
palavras inutilizadas são armas mortas e a linguagem de ontem impõe a ordem de
hoje. A imagem de um cogumelo atômico informa por inteiro seu próprio
significado, suas ruínas, as palavras arrebentadas, os becos, as ciladas. Escrevo, leio, rasgo,
toco fogo e vou ao cinema. Informação? Cuidado, amigo. Cuidado contigo, comigo.
Imprevisíveis, significados. Partir pra outra, partindo sempre. Uma palavra:
Deus e o Diabo.”
POETA
“Escute,
meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo
sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos
maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolso e nas mãos.
Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso. Poetar é simples, como dois e dois são
quatro sei que a vida vale a pena etc.
Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o
cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua
poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo;
menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. “
“O
poeta é a mãe das artes manhas d’armas em geral.”
SOBREVIVER
“É preciso não beber mais. Não é preciso sentir vontade de beber e
não beber: é preciso não sentir vontade de beber. É preciso não dar de comer
aos urubus. É preciso fechar para balanço e reabrir. É preciso não dar de comer
aos urubus. Nem esperanças aos urubus. É preciso sacudir a poeira. É preciso
poder beber sem se oferecer em holocausto. É preciso. É preciso não morrer por
enquanto. É preciso sobreviver para verificar... É preciso não dar de comer aos
urubus. É preciso enquanto é tempo não morrer na via publica.”
TEATRO
“Eu
pessoalmente, não me ligo muito em teatro. Aliás, não me ligo nada. Já foi o
tempo – e eu chego até a acreditar que o teatro só chega a Ter graça – graça –
visto de cima, do palco... Acontece que o teatro continua levando muita gente
para ver teatro. E alguns autores são apontados pelos entendidos – estão por
dentro, sabem de coisas etc.”
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