sexta-feira, 20 de julho de 2012

FRANCISCO MIGUEL DE MOURA


Por Ele Mesmo no Dicionário de Sabedoria dos Piauienses (Parte-1)
Nasceu em Jenipapeiro, Picos-PI (16-06-1933). Poeta, bancário aposentado, romancista, contista e crítico literário. Formado em Letras.
AMAR
“Amar as criaturas porque são belas é amar o belo, não é amar o ser humano. Amar é difícil. Amar as criaturas porque são boas é amar o ser humano em sua essencialidade, é amar a bondade. Amar assim é prático, fácil, gentil, mas... Amar o ser humano porque é ser humano, porque é irmão, ainda assim não é amar a criatura, mas amar a si mesmo. E tanto se peca por amar demais a si mesmo quanto por desamor”
AMOR
“O amor é tudo quanto se não procura. O belo, o bonito, o gostoso, o sensual, o triste, o alheio, até mesmo o sorriso, nada importa sem amor. Amar é dar e não receber, não fugir se é perseguido, não lutar se lhe é imposto, dizer quando a língua está leve e sem nó, chorar, comer, beber, dormir ...”
ARTE
“Tem-se como certo que uma das funções da arte é adivinhar, antever certos acontecimentos ou o futuro de uma comunidade ou de um povo. Daí a ideia, nalguns a certeza, de que as artes, especialmente a poesia e por extensão a literatura, são divinas, colhem os mistérios do céu, e o poeta é um profeta”
 “O movimento é vida e a arte vem da vida e perpetua a vida na História. Não a História da Arte, mas a história social da humanidade. Meu gosto pessoal só conta como gosto pessoal. O que conta mesmo é a minha interpretação do gosto dos apreciadores da arte, o público”

BELEZA
“Para os poetas, para a poesia, a beleza – claro que falo da aparência da pessoa – não é fundamental. Isto significa dizer que nenhum poeta precisa ser bonito pessoalmente para que possa escrever bons poemas e também que não só a beleza é inspiradora de poesia. Outras coisas, fenômenos e qualidades o são igualmente, ou podem ser.”

COMUNICABILIDADE
“Não pensem que quem fala mais se comunica melhor. O silêncio, o olhar, os gestos são mais significativos. Por onde se começa o amor? Por onde inicia uma grande amizade? De que são feitos os grandes poemas modernos? De palavras. Mas também de silêncios, espaços, sugestão, meios-tons, meias-palavras. Salvo as exceções, as palavras muito compridas são complicadas para o poeta, tanto assim que ele as parte e reparte”

COMUNICAÇÃO
“Não estamos sozinhos nem conseguimos ficar com os outros. Sentir a vida como um devir, não como realização, deve ser o problema posto. Fala-se tanto em comunicação que aos poucos o sentido da palavra se esvazia. É que realmente precisamos de outra comunicação: a que vem cheia de sabor humano, não essa comercializada, artificial, cheirando a produtos em série ou abarrotamento de armazém. Seria possível expressar a realidade da alma humana? E a compreensão de suas verdades íntimas?”

CONTEMPLAÇÃO
“Nada mais simples que a alegria, o amor, a graça. Aqui, ali, em qualquer parte as encontramos, basta olhar a sociedade sem preconceitos, basta ver a natureza a olho nu. Infelizmente há muito tempo que não posso fazê-lo. Entre meus olhos e o mundo existe um par de óculos a torná-lo verde ou cinza, um filtro que me toma boa parte da linha do horizonte nos seus sempre azuis nordestinos, onde o céu e o monte se encontram e se beijam com a perfeição da distância. Mas, o que é o horizonte? A distância é o real encontro e a conjunção física do abraço”

CONTO
“Toda crítica é difícil. A crítica do conto se me afigura muito mais complicada, por isto tem sido para mim um constante desafio. Um livro de contos reúne várias peças, nem sempre homogêneas . É preciso captar com rigor sua unidade e a unidade como marca do estilo do autor. As dificuldades não se resumem nisto. Reconhecimento como o mais difícil gênero da arte literária, o conto guarda em si muitos segredos que os teóricos não conseguem desvendar”

“Porque o conto é mais difícil que o romance ou a poesia? Há contistas que são também romancistas. Como há poetas que escrevem contos. No mundo da inteligência há generalidade e especialidades. Sendo a matéria do conto momento único da vida do personagem, talvez o mais importante, deve ser tenso e intenso, mas não tão extenso. Aquele momento nem sempre chega a ser captado pelo escritor – daí vem a frustração – muito menos pelo leitor, que, no caso, ficará a ver navios”

CRÍTICO
“Até alcançar o juízo, que vem como síntese final, passa o crítico por muitas fases. A primeira preside o namoro e a emoção da escolha da obra. O segundo momento é o encontro através da leitura”

CRÔNICA
“A crônica é uma forma literária que nasceu no dia-a-dia do jornal e por isto precisa respirar livremente”


Um comentário:

  1. Meu caro José Antônio, agradeço de coração este teu diario da sabedoria, como me tocou. Obrigado irmão.
    Abraços
    francisco miguel de moura

    ResponderExcluir