terça-feira, 31 de julho de 2012

JOAQUIM RAIMUNDO FERREIRA CHAVES


Por Ele Mesmo no Dicionário de Sabedoria dos Piauienses
Nasceu em Campo Maior-PI (09-03-1913). Faleceu em Teresina (08- 05-2007). Sacerdote, Escritor, Professor, Historiador e Biografo. Foi um dos mais importantes historiadores Piauienses do seu tempo.
COMUNICAÇÃO
“O mundo religioso e social do outro é uma realidade que exige respeito e compreensão. Os caminhos para chegar-se até lá não são mais as normas, mas a comunicação, o diálogo e o amor. Os relacionamentos exigidos giram na órbita da comunicação interpessoal e não em torno de funções”
“Eu sou um homem que tem fé. Tenho muita fé. Estou nas mãos de Deus. Agora eu não sei quando vai ser. Eu tenho amor à vida. Eu não quero morrer. Eu quero viver. Enquanto ele me der vida, eu fico, para encher o saco dos outros”
HISTÓRIA
“A história e os historiadores devem limpar o passado e consequentemente o futuro das visões distorcidas do tradicionalismo.”
“A que temos é a história da classe dominante, a classe que produz os documentos e organiza os arquivos. Dela são os heróis, os grandes, os libertadores, que de fato a ninguém libertaram, mas mantiveram o povo na sujeição aos seus “modelos” que garantem a perpetuidade de seu status. Chama-se a isto, erroneamente, história. De fato não é história, é tradição”
“A verdadeira história não se pode confundir com a tradição, que muitas vezes é usada para justificar o status quo e santificar os erros das elites. A tradição é sempre uma ideologia criada com o propósito de controlar indivíduos, motivar sociedades e inspirar classes.”
“Um homem, antes de completar vinte e cinco anos, tem que fazer duas coisas: um poema – um soneto – e uma besteira. Besteira eu fiz mais de uma. Ai eu entrei para a prosa, para a pesquisa histórica. Para fazer poesia é preciso Ter imaginação. No estudo da história você tem que massacrar a imaginação para poder ficar fiel ao documento. Não imaginar nada!”
MÚSICA
“Eu ouço a música, me sinto feliz, tranqüilo, os problemas desaparecem. Durante muito tempo a música me sustentou. Todo dia eu ouço música clássica. Mas eu gosto de outros tipos de música também. Só não gosto dessa música moderna, isso não é música, é barulho.”
PASSADO
“... um povo que não cultua seu passado não tem direito ao futuro. O futuro está plantado no passado. Se a gente não cultua nossos heróis, nossa história, o que vamos fazer?”
POESIA
“A poesia é a forma suprema do Ideal”
POETA
“Humanizam o inanimado. São estuários de renovação simbólica da posse perpétua de cada parcela de inspiração que se lhes incorpora. São organismos que arfam e vibram por renascerem pela unidade da liberdade e pela união da arte. Abatidos, abismados, sentindo a marca funda das vacilações, modelam suas obras com pedaços d’alma. Misteriosa é a sua linguagem porque misteriosa é a engrenagem da vida. Sempre haverá um espaço indefinido para o mistério nos antolhos das místicas”
“... operário para ganhar o pão cotidiano; poeta para misturar no cálice da vida o vinho da idealidade e do sentimento. Isto, porém é coisa impossível de se verificar porque os poetas, seres marcados, não se fazem, já nascem feitos”
“Poetas são seres privilegiados a quem o gênio sagrou com sua mão inexorável para a missão sublime de dar expressão a todos os sentimentos que tumultuam confusos no coração do homem e plasmar no mármore da palavra as belezas da natureza, a bondade e grandeza dos sentimentos humanos”
“Os poetas são instrumentos delicados que vibram à mais branda aragem: são as harpas eólias que gemem ao sopro imperecível da inspiração. Eles traduzem todo o fundo encanto inefável dos que sentem e não podem dizer o que vai na alma, emparedados dentro de seu cárcere verbal”
“Os seres materiais são apenas símbolos de realidades mais altas. O poeta é que compreende essa linguagem misteriosa dos seres e através da variedade infinita das formas entrevê a própria essência fingida das coisas. E só isto basta para fazê-lo sofrer, embora seja pessoalmente feliz”
“Só eles são capazes de aprender a beleza peculiar dos ocasos na lenta degradação das tintas moribundas. Ficarão horas esquecidos a contemplar a massa líquida que desce na cascata, a ouvir o marulho das águas nas pedras do riacho, olhos perdidos nos longes do horizonte azulado, naquela curva onde a terra acaba e começa o céu. Amam a flor, a estrela, a gota de orvalho, o palpitar das asas, a brisa ciciante, a solidão dos campos, o silêncio rumorejante da caatinga. Infeliz do povo que não possui poetas. O que os tem já é grande só por isso”
POLÍTICA
“É fato comprovado que nenhum sistema político pode sobreviver se não possui uma categoria de auxiliares que lhe sejam ao mesmo tempo sustentáculo social, político e econômico. Entre nós existiram muitas espécies de aristocracia: a militar, a econômica, a política e a social. E muitos tipos de organização: o feudalismo, isto é, a organização do poder privado, combinado com a ordem militar e o patrimonialismo; a burocracia; o partido político e outros”
POVO
“O povo tende cada vez mais a não aceitar normas sem antes examiná-las para decidir se vai segui-las ou rejeitá-las. O medo da morte, do pecado e do inferno não pressiona mais as pessoas, como antigamente. Os costumes e as tradições estão desaparecendo. Ora, eram os medos, as tradições e os costumes que seguravam a estrutura. Sem elas, ela começa a desmoronar”
VERDADE
“Ninguém mais se julga dono de toda á verdade e prendemos, nós, os homens de um mundo pluralista, a respeitar as convicções políticas, filosóficas, religiosas e estéticas dos outros”

sábado, 28 de julho de 2012

MANOEL GUALBERTO SOARES


Por Ele Mesmo no Dicionário de Sabedoria dos Piauienses
Nasceu em São Miguel do Tapuio-PI (06-04-1943). Foi Professor formado em Pedagogia. Habilitação em Administração escolar e Licenciatura Plena em Letras. Funcionário Público Federal.
IDEIA
“Uma coletânea de frases, aforismos, axiomas e ditos, é um mundo rico de ideias de todos os seguimentos do pensamento humano. Onde um simples provérbio fala da experiente sabedoria, uma sentença ordena com eficiência, uma máxima reflete com cuidado e uma citação testemunha o conhecimento”
 SABEDORIA
“Na realidade o que é a sabedoria? Digo que é a experiência própria do indivíduo, pois ninguém é comum quando pensa, particularmente antes da ação. Sempre gostei de citar as boas frases e os mais expressivos provérbios, principalmente quando eles se ajustam a uma determinada situação da vida, refletindo a realidade, isso simplifica muito a compreensão das ideias comunicadas. A palavra, quando bem pensada e articulada, é um instrumento poderosíssimo, para expressar nossos sentimentos mais importantes. A palavra falada é naturalmente viva na sua existência, mas a palavra escrita é eternamente imortal na sua essência”

FABIANO DE CRISTO RIOS NOGUEIRA


Por Ele Mesmo no Dicionário de Sabedoria dos Piauienses
Nasceu em Floriano-PI (07-04-1947). Professor Universitário [UFPI] e crítico Literário. Foi Editor e Presidente do Conselho Editorial da EDUFPI por mais de uma década.

COMUNICAÇÃO
“O objetivo ideal da comunicação humana é a interação entre pessoas e entre grupos. A interação, por sua vez, consiste na interdependência reciproca entre os elementos envolvidos no processo, pela capacidade de empatia tanto da fonte quanto do recebedor”
EDITORA
“A produção editorial é a vitrine e a interface mais importante entre a universidade e a comunidade”
FALHA
“Bem, as falhas fazem parte da contingência humana”
LITERATURA
“Em muitas ocasiões, para dar um exemplo exato do nosso pensamento precisamos citar as palavras alheias, para que uma boa idéia seja bem compreendida na sua totalidade; e a Literatura, principalmente a escrita, é a maior fornecedora das idéias criativas, das mensagens inteligentes, dos apotegmas expressivos e dos ensinamentos de sabedoria. Literatura de um povo é a maior servidora de sua própria cultura, é a sua principal fonte de identificação no tempo. Ela especialmente valoriza a sabedoria artística, documenta o conhecimento cientifico, testemunha a crença religiosa e registra a ação política. Os escritos de um povo é o que fica como referença memorial e cultural mais eficiente”
OBRA
“ ... pode-se afirmar que as obras literárias, ao integrarem em dado momento um sistema articulado e ao influírem sobre a elaboração de outras obras literárias, formam, no tempo, o que denominamos de tradição literária”
POETA
“... é possível atingir a maturidade poética antes mesmo da maturidade biológica”

RONALDO ALVES MOUSINHO


Por Ele Mesmo no Dicionário de Sabedoria dos Piauienses
Nasceu em Gradalupe–PI (16-10-1951). Poeta e Professor. Formado em Letras e em Direito. Escritor com uma vasta publicação.
ARTISTA
“O artista é o senhor de sua vontade: sua arte é o fator único e absoluto na escolha dos processos que vão dar corpo à sua obra. E, sendo livre e versátil o artista, importa mais que seja ele autêntico no que faz, dizem uns. O artista deve ser um beneditino, disciplinado e paciente, em busca da forma perfeita; dizem outros. O artista talvez deva ser o pêndulo em meio a estas duas concepções, por ser esta a grande tendência que se evidencia hoje”
COMUNICAÇÃO
“A comunicação visual e simbológica – superficial e fragmentária, em grande escala – vem afastando sensivelmente leitores e criadores das fontes tradicionais do conhecimento e da pesquisa. Isto os tem alheados aos pressupostos literários, deixando-os, por vezes, à mercê de improviso. Temeridade a que se deixa também seduzir significativa parcela de estudantes, ao optarem pela linguagem virtual, fonte mais “pragmática” para eles, por reduzir as frases a meras abreviaturas, desprovidas inclusive de acentuação e pontuação”
LEITOR
“... é no lirismo amoroso e num diletantismo prazeroso que se pretende a satisfação de um anseio sentimental, ou o preenchimento de um estado de ocioso vagar do leitor. É de onde se faz criar na mente do leitor um universo particular fantástico, em que a mente vagueia entre imagens paradisíacas sucessivas. E nesse enlevo, em que o leitor alcança a sintonia do poeta, ele se sente onipotente e onipresente.”
LITERATURA
“Os preceitos literários são para alguns o caminho que os levarão à porto seguro da Arte Poética; para outros, obstáculos quase intransponível”
“Tudo é pretexto para o ato literário: do caos original, ao momento cibernético gemonal”
POESIA
“Quiçá possamos sensibilizar as mentes embrutecidas e bestializadas pela escalada incontida da ganância, através do tom clamoroso e fascinante da poesia lida e recitada recitada em praças, teatros e veículos audiovisuais, para, quem sabe, tocar, sacudir, balançar esses corações empedernidos, despertando, assim, algum sentimento adormecido de compaixão e solidariedade.”
“Minha poesia não visa somente entreter e satisfazer um anseio circunstancial, como já se depreende, mas principalmente comprometê-lo com as mazelas do dia-a-dia, como partícipe de uma sociedade injusta e, por vezes, desumana. Ela insurge-se contra esse macrocosmo de injunções vilipendiosas”
“No árduo intento de buscar-se o lirismo encantatório, há de se fugir ao mero desabafo circunstancial das oscilações emotivas. É imperioso transcender-se à realidade trivial, através do processo alquímico da palavra, rumo ao limiar da sublimidade, pois aí reside a essência do ato poético. E nesse pelejar desatinado, quase inatingível, vislumbrei circunstâncias peculiares, que predispõem ao insight da inspiração poética”

domingo, 22 de julho de 2012

FRANCISCA DAS CHAGAS DA TRINDADE


Por Ela Mesma no Dicionário de Sabedoria dos Piauienses
Nasceu em Teresina – PI (26-03-1966). Faleceu em Teresina – PI (27-07-2003).  Formada em Teologia e estudante de Filosofia. Politica. Deputada federal.

 CORAGEM        
“Eu insisto em questionar os atos da maioria, porque estão sempre na contramão daquilo que a gente defende; os direitos dos pobres, da maioria das pessoas, daqueles que não têm como viver. Enfim, essa coragem, aliada á legitimidade, é construída sem perder de vista a minha origem. Eu procuro não me afastar do lugar de onde eu vim, pois é de lá que eu alimento a minha fé, o meu compromisso.”
POLÍTICA
“Eu sempre questionei o fato de não ter comida na minha casa todos os dias, de não ter os livros que a professora passava, de não ter a farda para ir ao colégio. Tudo isso foi se transformando em indignação. Eu preferi transferir essa indignação para uma causa coletiva, porque descobri que não era só a minha família que vivia essas dificuldades, que todo mundo que vivia próximo a minha casa enfrentava também essa mesma realidade. Então eu entrei na política, não para ser parlamentar... Embora eu sempre fizesse ação política nesse sentido, no sentido mais amplo da palavra, que é a luta pelo bem, pela comunidade, pela coletividade.”
“É possível fazer política com dignidade.”
POLÍTICO
“Os políticos tradicionais, esses estão acostumados  e acostumaram o povo a fazer campanha só em época de eleição...  Mais isso não é regra, porque o que tem funcionado, infelizmente, é a compra de votos, a barganha...  É muito complicado, é como se você estivesse pregando eternamente.”

sexta-feira, 20 de julho de 2012

FRANCISCO MIGUEL DE MOURA


Por Ele Mesmo no Dicionário de Sabedoria dos Piauienses (Parte-1)
Nasceu em Jenipapeiro, Picos-PI (16-06-1933). Poeta, bancário aposentado, romancista, contista e crítico literário. Formado em Letras.
AMAR
“Amar as criaturas porque são belas é amar o belo, não é amar o ser humano. Amar é difícil. Amar as criaturas porque são boas é amar o ser humano em sua essencialidade, é amar a bondade. Amar assim é prático, fácil, gentil, mas... Amar o ser humano porque é ser humano, porque é irmão, ainda assim não é amar a criatura, mas amar a si mesmo. E tanto se peca por amar demais a si mesmo quanto por desamor”
AMOR
“O amor é tudo quanto se não procura. O belo, o bonito, o gostoso, o sensual, o triste, o alheio, até mesmo o sorriso, nada importa sem amor. Amar é dar e não receber, não fugir se é perseguido, não lutar se lhe é imposto, dizer quando a língua está leve e sem nó, chorar, comer, beber, dormir ...”
ARTE
“Tem-se como certo que uma das funções da arte é adivinhar, antever certos acontecimentos ou o futuro de uma comunidade ou de um povo. Daí a ideia, nalguns a certeza, de que as artes, especialmente a poesia e por extensão a literatura, são divinas, colhem os mistérios do céu, e o poeta é um profeta”
 “O movimento é vida e a arte vem da vida e perpetua a vida na História. Não a História da Arte, mas a história social da humanidade. Meu gosto pessoal só conta como gosto pessoal. O que conta mesmo é a minha interpretação do gosto dos apreciadores da arte, o público”

BELEZA
“Para os poetas, para a poesia, a beleza – claro que falo da aparência da pessoa – não é fundamental. Isto significa dizer que nenhum poeta precisa ser bonito pessoalmente para que possa escrever bons poemas e também que não só a beleza é inspiradora de poesia. Outras coisas, fenômenos e qualidades o são igualmente, ou podem ser.”

COMUNICABILIDADE
“Não pensem que quem fala mais se comunica melhor. O silêncio, o olhar, os gestos são mais significativos. Por onde se começa o amor? Por onde inicia uma grande amizade? De que são feitos os grandes poemas modernos? De palavras. Mas também de silêncios, espaços, sugestão, meios-tons, meias-palavras. Salvo as exceções, as palavras muito compridas são complicadas para o poeta, tanto assim que ele as parte e reparte”

COMUNICAÇÃO
“Não estamos sozinhos nem conseguimos ficar com os outros. Sentir a vida como um devir, não como realização, deve ser o problema posto. Fala-se tanto em comunicação que aos poucos o sentido da palavra se esvazia. É que realmente precisamos de outra comunicação: a que vem cheia de sabor humano, não essa comercializada, artificial, cheirando a produtos em série ou abarrotamento de armazém. Seria possível expressar a realidade da alma humana? E a compreensão de suas verdades íntimas?”

CONTEMPLAÇÃO
“Nada mais simples que a alegria, o amor, a graça. Aqui, ali, em qualquer parte as encontramos, basta olhar a sociedade sem preconceitos, basta ver a natureza a olho nu. Infelizmente há muito tempo que não posso fazê-lo. Entre meus olhos e o mundo existe um par de óculos a torná-lo verde ou cinza, um filtro que me toma boa parte da linha do horizonte nos seus sempre azuis nordestinos, onde o céu e o monte se encontram e se beijam com a perfeição da distância. Mas, o que é o horizonte? A distância é o real encontro e a conjunção física do abraço”

CONTO
“Toda crítica é difícil. A crítica do conto se me afigura muito mais complicada, por isto tem sido para mim um constante desafio. Um livro de contos reúne várias peças, nem sempre homogêneas . É preciso captar com rigor sua unidade e a unidade como marca do estilo do autor. As dificuldades não se resumem nisto. Reconhecimento como o mais difícil gênero da arte literária, o conto guarda em si muitos segredos que os teóricos não conseguem desvendar”

“Porque o conto é mais difícil que o romance ou a poesia? Há contistas que são também romancistas. Como há poetas que escrevem contos. No mundo da inteligência há generalidade e especialidades. Sendo a matéria do conto momento único da vida do personagem, talvez o mais importante, deve ser tenso e intenso, mas não tão extenso. Aquele momento nem sempre chega a ser captado pelo escritor – daí vem a frustração – muito menos pelo leitor, que, no caso, ficará a ver navios”

CRÍTICO
“Até alcançar o juízo, que vem como síntese final, passa o crítico por muitas fases. A primeira preside o namoro e a emoção da escolha da obra. O segundo momento é o encontro através da leitura”

CRÔNICA
“A crônica é uma forma literária que nasceu no dia-a-dia do jornal e por isto precisa respirar livremente”